UNIVERSIDADE
FEDERAL DE JUIZ DE FORA/UABIII
FACULDADE DE EDUCAÇÃOCENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
FUNDAMENTO TEÓRICO METODOLÓGICO E PRÁTICA ESCOLAR EM CIÊNCIAS I –
FACULDADE DE EDUCAÇÃOCENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
FUNDAMENTO TEÓRICO METODOLÓGICO E PRÁTICA ESCOLAR EM CIÊNCIAS I –
Professor:
Guilherme Tropia Barreto de Andrade
Tutora a
distância: Ana Cristina Atala Alves
Aluno(a): Kênia Evangelista da Silva Dias
Aluno(a): Kênia Evangelista da Silva Dias
Pólo:
Ilicínia – UABIII – 2º Período/2012
ENTREVISTA
1-Nome completo?
Jandira dos Reis de Paula (Dona
Jandira) (Minha avó).
2-Idade?
86 anos
3- Cidade onde mora?
Moro em Alpinópolis – Minas Gerais
4-Estado civil?
Viúva há 23 anos
5-Naturalidade?
Divinópolis – Minas Gerais
6-Quantos filhos?
Tenho 13 filhos, todos vivos.
7-Profissão?
Sempre foi do lar e nunca trabalhei
fora. Meu marido era militar e nunca deixou que eu trabalhasse. Antes de me
casar, aos 16 anos, eu trabalhei como doméstica na casa de conhecidos de minha
mãe.
8-Um sonho realizado?
Ter conseguido comprar a minha casa
ainda junto com meu marido antes dele falecer.
09-Sente saudade de?
Sinto muitas saudades do meu
falecido marido e também dos meus pais. Também sinto saudades de quando morava
em cidades que possuíam linhas férreas e a gente tinha que viajar de trem de
ferro. Esse tempo me dá saudades de quando via o trem de ferro atravessar a
cidade apitando e soltando fumaça. Meus filhos corriam sempre para vê-lo. Bons
tempos aqueles!
10-Lugar inesquecível?
Eu morei em dezenas de cidades
devido ao meu marido ser militar e ter que ficar mudando sempre. Em cada cidade
uma história, algo diferente que ainda guardo comigo em minha memória. Todas as
cidades e moradas, se tornaram inesquecíveis para mim.
11-Fale um pouco sobre a sua vida.
Nasci em Divinópolis, Minas Gerais e
sou de uma família muito humilde. Não tive irmãos. Meu pai trabalhava como
motorista de trem de ferro e minha mãe às vezes trabalhava em casas de
conhecidos como doméstica. Meu pai faleceu novo em um acidente com o trem que
ele dirigia. Minha mãe ficou viúva aos 27 anos de idade e eu contava com 11
anos de idade. Ela não quis se casar novamente e passou a dedicar sua vida,
logo após que me casei aos 16 anos, a cuidar de pessoas doentes, a trabalhar em
hospitais, em igrejas, em casas de famílias...
12-O que você gostava de fazer antigamente, e que hoje não faz?
Eu gostava muito de sair para pescar
com meu marido e com meus filhos mais velhos. Era a nossa diversão, já que não
tínhamos condições de termos outros tipos de lazer.
13- Havia muitos costumes e tradições antigamente que nos dias atuais já
não existem mais. Conte-nos alguns que a senhora recorda-se.
- Eu me lembro que nas casas não tinha
energia elétrica e para clarear a noite, usávamos lamparina com querosene.
- Para tomar banho, ou usávamos
bacias grandes ou latão com alguns furos que era pendurado em algum cômodo que
servia de banheiro e então o enchíamos de água quente e fria e a água ia saindo
pelos furos para que pudéssemos no lavar. O banho durava apenas o tempo da água
acabar.
- Cozinhávamos feijão em fogareiros
feitos de serragem de pau. Enchíamos uma lata de serragem e colocávamos fogo. A
serragem ia queimando aos poucos e cozinhando o feijão.
- Não existia gás de cozinha e tudo
era feito no fogão de lenha em panelas de barro ou de ferro.
- Para preparar os alimentos
usávamos gordura de porco que nós mesmos criávamos nos quintais das casas.
- Também aproveitávamos o calor do
fogão de lenha para secar toucinho no sal em um arame pendurado em cima do
fogão de lenha para que ele se conservasse. O restante da carne de porco, a
gente cozinhava e guardava em latas com gordura. Duravam meses conservadas
nessas latas.
- Com a gordura de porco, ainda
fazíamos sabão para lavar as roupas e louças.
- Para passar as roupas, usávamos um
ferro muito pesado com brasas de carvão dentro.
- Os remédios eram chás e ervas que
tínhamos em nosso próprio quintal.
- O café era limpo em pilões com força
braçal e depois a gente mesmo torrava no fogão de lenha e moia em pequenos
munhos.
14 – A senhora tem alguma recordação de sua infância, de alguma coisa
que era usado para alguma utilidade e que hoje não se usa ou quase não se vê
mais?
Meus avós moravam na
zona rural e me recordo que no pequeno sítio onde viviam, tinha um moinho
movido a água onde meu avô fazia fubá. Era muito interessante ver como ele
funcionava socando milho por milho até virar pó e se transformar no fubá. Hoje
quase não se vê mais desses moinhos e nem sei se eles ainda existem.
Outra coisa que tinha
no sítio de meu avô, era um carro de boi que ele usava para buscar lenha,
carregar pedras, sacos pesados e até mesmo para ir a cidade fazer pequenas
compras em armazéns. A
gente ouvia de longe que ele estava chegando da cidade por causa do “canto das
rodas” do carro de boi como o povo antigamente usava falar. Quanto mais pesado
o carro estava, mais alto era o canto das rodas. Também já não vemos mais
carros de boi pelas cidades. Somente em alguns pequenos sítios que ainda
conservam como lembranças ou como enfeites.
15 – Do que a senhora sente saudades daquele tempo?
Da calmaria, do
sossego e da simplicidade em que vivíamos. As pessoas não corriam tanto e era
muito comum parar para conversar, visitar um parente ou um compadre ou ainda um
amigo para se bater um papo que durava horas. Naquele tempo não existia
televisão e as pessoas gostavam disso. Hoje com tanta tecnologia, computador,
televisão, todo mundo se isola e pouco se relacionam uns com os outros.
Lembro que minha avó
gostava muito de contar histórias para a gente dormir, histórias tradicionais
que eram passadas de geração para geração e outras que eram inventadas, os
chamados “causos”.
Hoje em dias as
crianças não ligam para isso e só querem televisão, vídeo-game e a tal da
internet.
Não havia tanto
conforto como nos dias atuais, mas o que tinha dava para a gente sobreviver.
Gosto do mundo atual,
mas sinto falta das dificuldades de antigamente, das poucas coisas que existiam
e da alegria e simplicidade do povo em geral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário