domingo, 27 de maio de 2012


Professor: Guilherme Tropia Barreto de Andrade
Tutora a distância: Ana Cristina Atala Alves
Aluno (a): Juliana Pimenta Lopes de Souza

             Entrevista feita com Magda Pimenta Lopes, nascida no município de Carmo do rio claro no dia 23/03/1939 mas mudou-se ainda pequena para Alpinópolis onde reside atualmente.

Juliana: Como era sua vida na infância e juventude?
Magda:Cresci numa família de 11 irmãos e sendo assim foi uma infância agitada e cheia de brincadeiras mas também de muito serviço. Como eu era das filhas mais velhas e minha mãe tinha um filho a cada ano eu tinha que ajudá-la nos afazeres domésticos e cuidar dos meus irmãos menores. Gostava muito de brincar de boneca, casinha e fazer bonequinhos de barro na beira do córrego junto com minhas amigas. Á noite brincava com as amigas na porta de casa ou no jardim que era em frente minha casa (sempre perto porque meu pai não deixava ir muito longe dos seus olhos). A gente gostava de cantar e contar estórias. Na juventude, fora do horário da escola, fazia passeios aos domingos com os amigos. De vez em quando tinham brincadeiras dançantes nas casas de famílias conhecidas. Nessas brincadeiras, os rapazes ficavam de um lado da sala e as moças de outro. Vez ou outra nos chamavam para dançar...como era bom aquele tempo,quanta inocência. Aquelas noites dançantes eram inesquecíveis, ficávamos dias pensando e recordando das danças, dos flertes com os rapazes e dos recadinhos que recebíamos no final da noite marcando encontros na praça. Aqui em Alpinópolis, quando eu era mocinha também ia ao cinema aos domingos, mas só com algum irmão ( naquele tempo tinha cinema na Ventania e se chamava Cine São Sebastião).Meu pai mexia com roça e tínhamos fartura de frutas,verduras e muitas vezes a gente fazia pic-nic com a família toda na roça aos finais de semana. Me recordo de levantar bem cedo e ir no pasto ver meu pai tirar leite. Meus irmãos e eu íamos com as canequinhas na mão para tomar leite fresquinho. Algo que me recordo dessa época é que meu pai colocava uma dose de conhaque no fundo do copo e completava com leite tirado na hora e bebia com uma boca boa...
Juliana: Que diferenças você percebe no mundo hoje com o qual você vivenciou na infância e juventude?
Magda:As diferenças são inúmeras, nós éramos obedientes aos pais e ter respeito era primordial na família. Quando íamos a alguma festa e a mamãe dizia que tinha vestido novo para estrear era uma alegria só. Pense nas meninas de hoje, não deixam as mães opinarem nas suas roupas, todo final de semana querem uma roupa e sapatos diferente, dizem que somos “bregas” e não obedecem aos horários estabelecidos pelos pais( acho que nem tem horário não é mesmo?).Numa família numerosa como a minha era comum dividirmos as mesmas roupas e isso não causava nenhum tipo de divergência. Hoje em dia, os jovens estão cada vez mais egoístas e isolados. O namoro na minha época era no banco da praça sob supervisão de meus irmãos mais velhos e para o casal pegar na mão levava dias....Hoje, sabemos que numa “ficada” de uma só noite já se tem relação (transa) na gíria dos jovens de hoje. Hoje sem tem total liberdade, os jovens não ouvem os pais e não tem tanto respeito como a gente tinha. Acredito que a televisão influencia muito os jovens de hoje, eles só querem ficar no computador e na Internet. Não brincam mais, não se reúnem para um bate papo saudável e se esquecem muito dos idosos (não dão atenção).
Juliana: Que ações, atividades que você e seus parentes faziam há 50 anos atrás que hoje não fazem mais?
Magda: Chupar frutas no pé, andar na enxurrada nos dias chuvosos, costurar roupinhas para as bonecas, reunir a família e fazer passeios aos domingos (hoje os filhos não gostam de sair com os pais ), fazer dramatizações na escola nas datas cívicas, levar flores para os professores.
Juliana: O que mudou na cidade que você mora da sua infância e juventude até hoje?
Magda: A cidade cresceu muito, o comércio melhorou e trouxe facilidade para quem vive aqui hoje.No meu tempo,a gente tinha que sair para estudar pois, aqui não tinha o que hoje é o ensino fundamental (anos finais) e nem mesmo o que vocês dizem hoje ensino médio, que no meu tempo era a admissão. Hoje as famílias tem mais conforto e interesse em melhorar de vida. Os jovens tem mais opção de lazer e o estudo é mais acessível.
 Juliana: A senhora se lembra de como eram as técnicas de construção, plantio em terrenos íngremes, o controle de pragas, a produção de energia e a conservação dos alimentos?
Magda:Muitas construções antigas eram feitas de barro, não tinha cimento naquela época. Me lembro de quando meu pai construiu nossa casa, teve que vir material de outra cidade pois, aqui em Alpinópolis não se comprava material de construção. Muitas vezes eu e meus irmãos corríamos para a porta de casa para ver os carros de boi que transportavam materiais para a construção das casas. Hoje é tudo mais fácil,tem máquina pra tudo, até pra plantar café na pirambeira onde é de difícil acesso. Meu pai muitas vezes passava a noite com seus empregados em dia de geada, acendendo tochas e mais tochas de fogo para que a geada não queimasse o café, porque senão o prejuízo era grande. Quantas noites ficávamos sem luz elétrica e era preciso usar lampião para tomarmos a refeição ao anoitecer. Como não tinha geladeira naquela época, minha mãe conservava as carnes em grandes latas cheias de gordura. As verduras eram plantadas na própria horta e eram sempre frescas.
Juliana: Naquela época, como eram eliminados os dejetos já que não se tinha água encanada? E como era feita a prevenção e o tratamento de doenças?
Magda: A assistência médica era insuficiente, não tinha muitos médicos. Já havia alguma vacina mas como na cidade não havia matadouro e o gado era morto em qualquer quintal, era muito comum as crianças terem vermes como a Tênia solium e a Tênia saginata, que eram provenientes de carne contaminada. As pessoas não eram esclarecidas quanto à higiene dos alimentos e das mãos. Não havia água encanada e nem calçamento,as casas tinhas fossas nos quintais e não havia higienização das caixas d ‘água. Como você pode ver, a vida hoje é bem mais simples e confortável. A facilidade das coisas, tudo pronto e fácil de se fazer,se bem que os produtos de hoje tem muita química( corante, conservante) , tem até mulher que passa formol nos cabelos não é mesmo?

Juliana Pimenta Lopes de Souza

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