Professor: Guilherme Tropia Barreto de Andrade
Tutora a distância: Ana Cristina Atala Alves
Aluno (a): Juliana Pimenta Lopes de Souza
Tutora a distância: Ana Cristina Atala Alves
Aluno (a): Juliana Pimenta Lopes de Souza
Entrevista feita com Magda Pimenta Lopes,
nascida no município de Carmo do rio claro no dia 23/03/1939 mas mudou-se ainda
pequena para Alpinópolis onde reside atualmente.
Juliana: Como era sua vida na infância e
juventude?
Magda:Cresci numa família de 11 irmãos e sendo assim foi uma
infância agitada e cheia de brincadeiras mas também de muito serviço. Como eu
era das filhas mais velhas e minha mãe tinha um filho a cada ano eu tinha que
ajudá-la nos afazeres domésticos e cuidar dos meus irmãos menores. Gostava
muito de brincar de boneca, casinha e fazer bonequinhos de barro na beira do
córrego junto com minhas amigas. Á noite brincava com as amigas na porta de
casa ou no jardim que era em frente minha casa (sempre perto porque meu pai não
deixava ir muito longe dos seus olhos). A gente gostava de cantar e contar
estórias. Na juventude, fora do horário da escola, fazia passeios aos domingos
com os amigos. De vez em quando tinham brincadeiras dançantes nas casas de
famílias conhecidas. Nessas brincadeiras, os rapazes ficavam de um lado da sala
e as moças de outro. Vez ou outra nos chamavam para dançar...como era bom
aquele tempo,quanta inocência. Aquelas noites dançantes eram inesquecíveis,
ficávamos dias pensando e recordando das danças, dos flertes com os rapazes e
dos recadinhos que recebíamos no final da noite marcando encontros na praça.
Aqui em Alpinópolis, quando eu era mocinha também ia ao cinema aos domingos,
mas só com algum irmão ( naquele tempo tinha cinema na Ventania e se chamava
Cine São Sebastião).Meu pai mexia com roça e tínhamos fartura de
frutas,verduras e muitas vezes a gente fazia pic-nic com a família toda na roça
aos finais de semana. Me recordo de levantar bem cedo e ir no pasto ver meu pai
tirar leite. Meus irmãos e eu íamos com as canequinhas na mão para tomar leite
fresquinho. Algo que me recordo dessa época é que meu pai colocava uma dose de
conhaque no fundo do copo e completava com leite tirado na hora e bebia com uma
boca boa...
Juliana: Que diferenças você percebe no mundo hoje com o qual você
vivenciou na infância e juventude?
Magda:As diferenças são inúmeras, nós éramos obedientes aos pais e
ter respeito era primordial na família. Quando íamos a alguma festa e a mamãe
dizia que tinha vestido novo para estrear era uma alegria só. Pense nas meninas
de hoje, não deixam as mães opinarem nas suas roupas, todo final de semana
querem uma roupa e sapatos diferente, dizem que somos “bregas” e não obedecem
aos horários estabelecidos pelos pais( acho que nem tem horário não é
mesmo?).Numa família numerosa como a minha era comum dividirmos as mesmas
roupas e isso não causava nenhum tipo de divergência. Hoje em dia, os jovens
estão cada vez mais egoístas e isolados. O namoro na minha época era no banco
da praça sob supervisão de meus irmãos mais velhos e para o casal pegar na mão
levava dias....Hoje, sabemos que numa “ficada” de uma só noite já se tem
relação (transa) na gíria dos jovens de hoje. Hoje sem tem total liberdade, os
jovens não ouvem os pais e não tem tanto respeito como a gente tinha. Acredito
que a televisão influencia muito os jovens de hoje, eles só querem ficar no
computador e na Internet. Não brincam mais, não se reúnem para um bate papo
saudável e se esquecem muito dos idosos (não dão atenção).
Juliana: Que ações, atividades que você e seus
parentes faziam há 50 anos atrás que hoje não fazem mais?
Magda: Chupar frutas no pé, andar na enxurrada nos dias chuvosos,
costurar roupinhas para as bonecas, reunir a família e fazer passeios aos
domingos (hoje os filhos não gostam de sair com os pais ), fazer dramatizações
na escola nas datas cívicas, levar flores para os professores.
Juliana: O que mudou na cidade que você mora da
sua infância e juventude até hoje?
Magda: A cidade cresceu muito, o comércio melhorou e trouxe
facilidade para quem vive aqui hoje.No meu tempo,a gente tinha que sair para
estudar pois, aqui não tinha o que hoje é o ensino fundamental (anos finais) e
nem mesmo o que vocês dizem hoje ensino médio, que no meu tempo era a admissão.
Hoje as famílias tem mais conforto e interesse em melhorar de vida. Os jovens
tem mais opção de lazer e o estudo é mais acessível.
Juliana: A senhora se lembra de como
eram as técnicas de construção, plantio em terrenos íngremes, o controle de
pragas, a produção de energia e a conservação dos alimentos?
Magda:Muitas construções antigas eram feitas de barro, não tinha
cimento naquela época. Me lembro de quando meu pai construiu nossa casa, teve
que vir material de outra cidade pois, aqui em Alpinópolis não se comprava
material de construção. Muitas vezes eu e meus irmãos corríamos para a porta de
casa para ver os carros de boi que transportavam materiais para a construção
das casas. Hoje é tudo mais fácil,tem máquina pra tudo, até pra plantar café na
pirambeira onde é de difícil acesso. Meu pai muitas vezes passava a noite com
seus empregados em dia de geada, acendendo tochas e mais tochas de fogo para
que a geada não queimasse o café, porque senão o prejuízo era grande. Quantas
noites ficávamos sem luz elétrica e era preciso usar lampião para tomarmos a
refeição ao anoitecer. Como não tinha geladeira naquela época, minha mãe
conservava as carnes em grandes latas cheias de gordura. As verduras eram
plantadas na própria horta e eram sempre frescas.
Juliana: Naquela época, como eram eliminados os
dejetos já que não se tinha água encanada? E como era feita a prevenção e o
tratamento de doenças?
Magda: A assistência médica era insuficiente, não tinha muitos
médicos. Já havia alguma vacina mas como na cidade não havia matadouro e o gado
era morto em qualquer quintal, era muito comum as crianças terem vermes como a
Tênia solium e a Tênia saginata, que eram provenientes de carne contaminada. As
pessoas não eram esclarecidas quanto à higiene dos alimentos e das mãos. Não
havia água encanada e nem calçamento,as casas tinhas fossas nos quintais e
não havia higienização das caixas d ‘água. Como você pode ver, a vida hoje é bem
mais simples e confortável. A facilidade das coisas, tudo pronto e fácil de se
fazer,se bem que os produtos de hoje tem muita química( corante, conservante) ,
tem até mulher que passa formol nos cabelos não é mesmo?
Juliana Pimenta Lopes de Souza
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