sexta-feira, 11 de maio de 2012

Reserva Ecocerrado alia ciência e sabedoria popular



Para preservar plantas medicinais sob ameaça de extinção, um grupo de voluntários se uniu e criou a Reserva Ecocerrado Brasil, em 37 hectares doados por Ismael e Lourdes Honorato, em Araxá, Minas Gerais. O casal já lidava com plantas medicinais e desejavam aproximar ciência e a sabedoria popular em relação à qualidade da vegetação daquele ecossistema quando ofereceram a área para a iniciativa, há 10 anos.
Na Reserva, o grupo preserva espécimes de árvores com casca cicatrizante, batata anti-inflamatória e muito mais, em um total de 150 espécies com propriedades curativas. Além disto, os voluntários fazem incursões frequentes ao campo para identificar e catalogar outras plantas.  Este trabalho acontece junto com raizeiros e pesquisadores, como a química Ana Maria Pereira, pesquisadora da Unaerp, Universidade de Ribeirão Preto, de São Paulo.
Até agora, este mapeamento já alcança 700 espécies, entre as quais a Mulungu, ou Erythrina mulungu. “Essa planta, certamente, será, num futuro muito próximo, um dos fitoterápicos mais comercializados no Brasil. Ela serve para depressão”, avisou a doutora Ana Maria.
A localização de uma planta requer um olhar treinado, mas o raizeiro Amador Borges faz a tarefa parecer fácil. “Graças a Deus, eu conheço remédio demais. Todo jeito que a pessoa clamar que sente, eu sei o remédio”, comentou Borges ao levar o grupo até a planta que chama de rabo de tatu e usa para tratar diabetes.
Toda planta coletada é testada e estudada para a comprovação de seus efeitos. “... eu vou mandar para a universidade uma amostra da planta para fazer os ensaios fitoquímicos; uma vai para o taxonomista, que faz a identificação e a outra fica no herbário da reserva. Agora, a participação de pessoas como o seu Amador nesse trabalho é fundamental. A gente não chega a campo e pega qualquer planta. Tem que ter uma indicação. A partir dessa indicação do conhecimento popular, a gente desenvolve o trabalho científico em cima dessa planta”, explicou a bióloga Valéria Conde, uma das voluntárias.
Toda matéria-prima colhida na reserva é doada para laboratórios de fitoterapia que distribuem a medicação gratuitamente. Um deles, em Araxá, atende uma média de 500 pessoas por mês.

Juliana Pimenta Lopes de Souza

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